domingo, 16 de setembro de 2007

Margaridas.

Seria mais uma tarde como outra qualquer se não fosse o fato de ser uma tarde de sábado. Passar a tarde de sábado em casa não é uma coisa boa, na verdade, está bem longe de ser. Todavia, vamos falar de Clarice, e para ela isso é normal.
Estava ela na varanda dos fundos da casa observando as margaridas. Ah, as margaridas! Flores singelas que passam alegria, pureza, sutileza, e bem estar. Flores cheirosas, com pétalas perfeitamente alinhadas e belas. Sua mãe tinha um jardim só dessas maravilhas ali, e vez por outra, Clarice ficava a olhá-las. Não que ela fosse daquelas "princesinhas" de romances que olhavam pra coisas delicadas o dia todo. Não não. Ela fazia isso por tédio mesmo.
Aliás, talvez ela nem observasse as flores, talvez apenas repousasse seu olhar sobre elas. E assim pensasse sobre outras coisas. Mas isso é algo que jamais iremos saber.
Tinha 15 anos. Mas sua mente tinha 30. Sim, 30.
Seus pais eram boas pessoas, embora não notassem a monotonia de sua filha.
Tinha dois irmãos: Arthur e Bernardo. Ambos mais velhos.
Arthur tinha 19 anos, ia fazer 20 dali um mês. Era responsável, inteligente, retraído e sarcástico.
Fisicamente, era o mais diferente dos irmãos, pois não havia puxado nem ao pai e nem a mãe. Era alto, magro mas não tão magro. Cabelos secos, bem penteados e escorridos até os ombros. Cabelos negros como os olhos. Tinha sempre uma fisionomia analítica e fria. Mas os olhos, estes não eram frios; tinham brilho, um brilho especial. Daqueles como uma criança perto do Natal. Era universitário. Estava no 3º ano de Engenharia Civil. Era aplicado, como sempre foi. Só ia para casa dos pais em dois fins de semana por mês.
Bernardo tinha 18 anos. Era elétrico, hiperativo, simpático, extrovertido e também era inteligente. Mas sua inteligência, ao contrário de Arthur, não era devido aos estudos. Bernardo era superdotado. Os pais descobriram quando estava na 2ª série. Puxara a mãe, era de média estatura, cabelos claros e bagunçados. Tinha olhos claros também e estes sempre alegres e afáveis. Desde criança, era amigável. Falava com todos os tipos de pessoas, desde o porteiro do prédio da frente até o executivo que morava na esquina. Ele gostava de pessoas, gostava de lidar com elas. E por isso, decidiu fazer Medicina. Estava no 1º ano. Visitava a família quase todos os fins de semana, para a alegria de sua mãe, que o tinha como filho favorito.
Clarice. 1º ano do Ensino Médio. Estranha.
Não fazia, nem falava coisas estranhas. Mas era.
Ela não era de falar muito e nem de fazer muito. Gostava de pensar, planejar, sonhar. Mesmo que nunca pusesse em prática o que pensava. Sua presença, era por diversas vezes, inotável.
O pouco que falava era para expor certos pensamentos. As poucas coisas que fazia era para expor sentimentos. Segundo seu pai, tinha alma de artista.
Era a mistura do pai com a mãe. Alta para a idade. Cabelos cacheados como o do pai. Olhos redondos e castanhos como os da mãe. Parecia sempre distante. E quando olhava para as pessoas, parecia sugar-lhes a alma prestando toda a atenção possível ao que tinham para dizer.
Além do colégio, suas ocupações eram Teatro e Natação. Ela realmente amava isso.
Mas nas últimas semanas, essas ocupações e seus pensamentos não estavam ocupando espaço suficiente. Estava vazio.

[ CONTINUA... ]

domingo, 9 de setembro de 2007

Pedantismo.

Julgo engraçado a postura das pessoas ao tratarem com a razão.
É realmente muito bonito e interessante dizer como se deve agir, coisas que devem ser feitas e criticar os erros alheios. Todavia, é uma pena que após recitar todas essas pérolas, não as cumpram.
Por todos os cantos, há criaturas discutindo a sociedade e tudo. Mas se sempre é a mesma coisa, é duvidosa a eficácia dessas discussões e discursos racionais.
É então, quando posso citar um personagem magnífico desses debates inúteis: o PEDANTE.
Sim sim, amigos! Não esqueçamos dessa figura!
Ela sempre está lá, comandando o debate. Aposto que já viu desses, ou talvez, até seja um.
Pedante é aquele ser estúpido que está sempre querendo aparecer falando sobre uma cultura que não tem. Aquele que lê a orelha do livro e o julga melhor livro do mundo, e quer te convencer disso. Aquele que assiste os clássicos da sessão da tarde e se sente o cinéfilo. Enfim, aquele mala sem alça do seu primo, colega de trabalho, vizinho, colega de classe ou os cambau. Todo mundo conhece um pedante. Esses pseudo intelectuais estão por toda parte atazanando nossos ouvidos.
E são sempre eles, que vêm falar sobre o que é certo e errado, geram polêmica com suas opiniões SUPER CULT. Só não se tocam que sequer são/sabem um terço do que dizem. Isso porque nem eles mesmos sabem o que dizem. É um desastre.

Se não sabe, não fale.
Se não faz, não fale.
Se não acha, não fale.
Ou seja, não fale merda para seus amigos. Eles têm mais o que fazer do que ouvir ser discursos medíocres sobre o que é certo; se quisessem saber o que é certo, acredite, eles não perguntaríam a você. Com certeza, eles iriam atrás de conselhos de pessoas que fazem e sabem o que dizem.
Fale menos, ouça mais. Quem sabe assim você aprende um pouco mais e, fala coisas mais interessantes da próxima vez.
Boa sorte !